quarta-feira, 17 de junho de 2009

Interseções


As linhas divisorias são finas. Marcam e dividem territorios, mapas, eventos e tempos.
Nem sempre são finas. Linhas divisórias nem sempre existem, e alguns eventos ficam sem um marco definido. Dificeis de definir onde começa ou finda algo.
Essas linhas invisiveis são as que causam discordias. Como definir os territorios?
Onde exatamente fica o fim do dia e o inicio da noite?
Onde termina o amor e começa o odio?

É nessa penumbra que habitam os fantasmas. Criaturas de ambos mundos se misturam, confabulam, armam seus esquemas, caem em contradições e invadem territorios.
É no entardecer de verão que vemos o sol se por lentamente enquanto as primeiras estrelas surgem. Nuvens brancas, nuvens avermelhadas, nuvens escuras. Tudo em transição.

Onde termina o desejo e começa a apatia ou o desprezo?
Coisas dificeis de definir - penumbra, morno, sombra, crepusculo, lusco-fusco, amanhecer e entardecer - talvez, porque elas em si, carreguem a dupla identidade do que são. Coisas indefinidas que nos colocam em dificuldade para definir o que realmente vemos, sentimos, queremos e acreditamos. E durante toda a vida transitamos, talvez, nem entre os polos, mas nas penumbras que dividem os opostos. Nem bom nem mau. Simplesmente humano.

Interseções em territorios neutros e vamos nos posicionando indefinidos.
Ah sim, mas por teimosia adoramos dizer que temos nossas posições e crenças de vida bem definidas. Mas como? A vida não é logica. Os sentimentos são os resultados de milhares de combinações. Sentimentos neutros. Percepções ilusórias.
Vemos o que acreditamos, verdades que são imaginarias. E assim também os sentimentos. O que hoje gostamos, amanhã odiamos. Conspiramos hoje contra os ideais de ontem. A razão desse momento é diferente da fé passada. Entristecemos com o que nos fazia felizes. Alegramos com o inesperado. Valorizamos o que antes desprezavamos.
Mudanças por todo o caminho. A paisagem nunca repete, fruto de uma trajetoria rica em detalhes. Certas coisas não se explicam, simplemente acontecem. Sempre existiram, apenas se tornaram claras.

Transitamos entre dias e noites, amanheceres e pores.
Se os objetos de odio hoje, foram os amores de ontem... o que dizer do amanhã?
Na penumbra ou no sol a pino - onde reside o caminho do meio? - As vezes, as perguntas são mais interessantes que as respostas. Vale apenas a observação e a reflexão.
Deixarei que as interrogações e as reflexões povoem os textos, mas nada disso se explica, apenas a mutabilidade a que nos expomos importa.
E não importa o sol, nem a noite, nem a penumbra.
E não importa nem a reflexão sobre as interrogações.
E não importa nem as diferenças entre amor e odio, tristeza e alegria, liberdade e prisão... porque qualquer resposta é apenas um conceito mutavel.

Então, sem mais analises, interseções até o proximo ciclo.